Que bom que você está aqui!

É com prazer que te recebo neste espaço! Esta "casa" virtual está em permanente construção e em cada "cômodo" há uma inquietante necessidade de fazer diferente! Meus textos, relatos e imagens buscam apresentar a você os passos que constituem minha caminhada pessoal, profissional e acadêmica. A partilha que faço não intui caracterizar-se por uma postura doutrinária, autoritária ou impositiva-opressora, mas ao contrário, apresenta-se como ato solidário (jamais solitário) de contribuição à discussões humanas, planetárias e éticas!



Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!



Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!



Fraterno abraço!








Casa Rosada - sede do governo argentino. Em frente está a Praça de Maio. É um local em que é possível conhecer um pouco da história e da cultura argentina.

sábado, 5 de setembro de 2009

Escola em tempo Integral: aprendizagem de qualidade ou política assistencial

No Brasil do século XXI, estuda-se a possibilidade de se ampliar gradualmente o período de permanência da criança na escola, surgindo então a idéia de escola em tempo integral. A escola em tempo integral é por isso, um conceito recente no Brasil, porém já bastante conhecido em várias partes do mundo, especialmente onde é dada a educação, a devida importância. É comum se comparar o período em que a criança brasileira passa na escola, com o período que outras crianças do mundo estão na escola. Costuma-se dizer que é preciso ampliar a jornada de permanência da criança na escola, pois foi assim paises arrasados por guerras se reconstruíram e se transformaram em grandes potências econômicas da atualidade.

Essas comparações são interessantes, porém pouco convenientes, pois costuma-se comparar resultados sem igualmente comparar investimentos, políticas públicas e pedagógicas. Prova disto é que há equivocadamente, um entendimento meramente assistencial quando se pensa a criança na escola em tempo integral. A idéia é nobre e temos algumas experiências isoladas bastante positivas, porém não se vislumbra uma política de Estado (nacional) que vise a consolidação da idéia de que o tempo maior da criança na escola, reflita-se em uma aprendizagem mais significativa e substancial.

Se no modelo atual com quatro horas semanais enfrentam-se problemas primários como superlotação das salas de aula, carência de espaço físico, falta de profissionais habilitados em diversas áreas, supõe-se que estes problemas tendam a aumentar com o aumento da carga horária da permanência do aluno na escola. Isto é percebido em Santa Catarina, um estado que é referência em qualidade de ensino onde investimentos têm sido constantes. Desta forma acredita-se na necessidade de uma profunda discussão em torno do tema, para que não comprometamos ainda mais a qualidade da aprendizagem em detrimento de práticas meramente assistenciais.

O fato de uma criança ou adolescente fazer suas refeições na escola, ter atividades recreativas e lúdicas ao longo da jornada não significa que há um incremento na qualidade da aprendizagem. Políticas assistenciais são bem vindas e podem modificar a vida de milhares de pessoas. Devem ser implementadas para que possamos tirar jovens e crianças das ruas, dos vícios, da violência e da miséria e seus méritos são incontestáveis. Porém isso não justifica a tendência de se transformar nossas escolas de ensino básico em verdadeiras “creches de adolescentes”.

Esta preocupação se consolida quando o documento norteador da Conferência Nacional da Educação afirma que não deve haver nenhuma relação causa-efeito quando da implementação da Escola em Tempo Integral. Isto quer dizer que o investimento e o planejamento da escola em tempo integral não devem necessariamente fomentar aprendizagem. Assume-se assim, um caráter meramente assistencial e se não houver algum acréscimo na qualidade da aprendizagem não haveria nenhuma preocupação do poder público.

Esta postura equivocada e absolutamente contrária aos propósitos da educação representam um retrocesso na luta por uma educação que ofereça a todos os brasileiros, condições favoráveis a sua sobrevivência digna. Políticas públicas de assistência social e de redistribuição de renda devem ser efetuadas de forma paralela a qualificação do processo educativo, com recursos próprios para isso. Educação é coisa séria, com propósitos próprios, recursos próprios.

Educação de qualidade não é solução paliativa de problemas, mas deve ser encarada como solução definitiva de mazelas que afundam milhares de pessoas na miséria e na exclusão. Assim a escola em tempo integral deve fomentar valores, construir uma nação de todos e que todos se sintam responsáveis por ela. Por mais tempo que uma criança esteja na escola, nada acontecerá se não houver uma preocupação com a qualidade da utilização deste tempo. Do contrário, como dizia Paulo Freire, diante de certas realidades é preferível que nossos meninos e meninas jamais ponham seus pés numa sala de aula.

Quando comparamos nossa carga horária escola com a de países como Coréia do Sul, Japão, Suécia precisamos comparar também as atividades desenvolvidas e o entendimento de educação que se tem lá e cá. Por enquanto ainda percebemos que educação de qualidade é um privilégio de poucos e enquanto for assim corremos o risco de enganar nossas meninas e meninos, fazendo-os acreditar que quanto mais ficarem na escola melhor sairão de lá.

É bom lembrar que nossos meninos e meninas não são anjos e nem demônios, são crianças que precisam formação, afeto e esperança. Tudo isto é construído com famílias e escolas de qualidade e não necessariamente de quantidade. A idéia da escola em tempo integral é encantadora, mas não pode apenas ser copiada. Precisa ser contextualizada e assumida pelo poder público, educadores, gestores e famílias para que tenhamos um acréscimo de qualidade ao que se aprende. Afinal a educação tem demonstrado que pode até assumir funções de outras instituições como as da família, mas até então nenhuma outra organização humana tem se revelado capaz de substituir a altura as funções da educação.

Haveremos de construir coletivamente uma escola que acolha nossos meninos e meninas e os faça homens e mulheres sensíveis, solidários e comprometidos e construir uma grande e incomparável nação. Homens e mulheres que não se contentem com migalhas, livres dos grilhões da violência, da fome e da miséria. Se a ampliação do tempo de permanência na escola for o caminho para isso, que a façamos de forma comprometida, séria e ética.

2 comentários:

CRESCER EM REDE disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CRESCER EM REDE disse...

Infelizmente as famílias brasileiras se tornaram viciadas em assistencialismo e, sequer, lutam por uma aprendizagem de qualidade. Querem GARANTIR um teto/proteção para seus filhos enquanto estão ausentes. Em minha cidade, convidamos a família para participar deste processo. Posso socializar seu texto a fim de suscitar reflexão? Maria Elena/Cubatão

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Benedito Novo, Santa Catarina, Brazil
Sou Mestre em educação, graduado em Biologia e Matemática, professor da rede estadual de Santa Catarina, com experiência em educação a distância, ensino superior e pós-gradução. Sou autor e tutor de cursos na área da educação no Instituto Veritas (Ascurra) e na Atena Cursos (Timbó). Também tenho escrito constantemente para a Coluna "Artigo do Leitor" do "Jornal do Médio Vale" e para a revista eletrônica "Gestão Universitária". Fui diretor da EEB Frei Lucínio Korte (2003-2004) e secretário municipal da Educação e Promoção Social de Doutor Pedrinho (2005). Já atuei na rede municipal de ensino de Timbó. Em 2004 coordenei a campanha que conduziu à eleição do Prefeito Ercides Giacomozzi (PMDB) à prefeitura de Doutor Pedrinho. Em 2011 assumi pela segunda vez, a direção da EEB Frei Lucínio Korte.