No Brasil do século XXI, estuda-se a possibilidade de se ampliar gradualmente o período de permanência da criança na escola, surgindo então a idéia de escola em tempo integral. A escola em tempo integral é por isso, um conceito recente no Brasil, porém já bastante conhecido em várias partes do mundo, especialmente onde é dada a educação, a devida importância. É comum se comparar o período em que a criança brasileira passa na escola, com o período que outras crianças do mundo estão na escola. Costuma-se dizer que é preciso ampliar a jornada de permanência da criança na escola, pois foi assim paises arrasados por guerras se reconstruíram e se transformaram em grandes potências econômicas da atualidade.
Essas comparações são interessantes, porém pouco convenientes, pois costuma-se comparar resultados sem igualmente comparar investimentos, políticas públicas e pedagógicas. Prova disto é que há equivocadamente, um entendimento meramente assistencial quando se pensa a criança na escola em tempo integral. A idéia é nobre e temos algumas experiências isoladas bastante positivas, porém não se vislumbra uma política de Estado (nacional) que vise a consolidação da idéia de que o tempo maior da criança na escola, reflita-se em uma aprendizagem mais significativa e substancial.
Se no modelo atual com quatro horas semanais enfrentam-se problemas primários como superlotação das salas de aula, carência de espaço físico, falta de profissionais habilitados em diversas áreas, supõe-se que estes problemas tendam a aumentar com o aumento da carga horária da permanência do aluno na escola. Isto é percebido em Santa Catarina, um estado que é referência em qualidade de ensino onde investimentos têm sido constantes. Desta forma acredita-se na necessidade de uma profunda discussão em torno do tema, para que não comprometamos ainda mais a qualidade da aprendizagem em detrimento de práticas meramente assistenciais.
O fato de uma criança ou adolescente fazer suas refeições na escola, ter atividades recreativas e lúdicas ao longo da jornada não significa que há um incremento na qualidade da aprendizagem. Políticas assistenciais são bem vindas e podem modificar a vida de milhares de pessoas. Devem ser implementadas para que possamos tirar jovens e crianças das ruas, dos vícios, da violência e da miséria e seus méritos são incontestáveis. Porém isso não justifica a tendência de se transformar nossas escolas de ensino básico em verdadeiras “creches de adolescentes”.
Esta preocupação se consolida quando o documento norteador da Conferência Nacional da Educação afirma que não deve haver nenhuma relação causa-efeito quando da implementação da Escola em Tempo Integral. Isto quer dizer que o investimento e o planejamento da escola em tempo integral não devem necessariamente fomentar aprendizagem. Assume-se assim, um caráter meramente assistencial e se não houver algum acréscimo na qualidade da aprendizagem não haveria nenhuma preocupação do poder público.
Esta postura equivocada e absolutamente contrária aos propósitos da educação representam um retrocesso na luta por uma educação que ofereça a todos os brasileiros, condições favoráveis a sua sobrevivência digna. Políticas públicas de assistência social e de redistribuição de renda devem ser efetuadas de forma paralela a qualificação do processo educativo, com recursos próprios para isso. Educação é coisa séria, com propósitos próprios, recursos próprios.
Educação de qualidade não é solução paliativa de problemas, mas deve ser encarada como solução definitiva de mazelas que afundam milhares de pessoas na miséria e na exclusão. Assim a escola em tempo integral deve fomentar valores, construir uma nação de todos e que todos se sintam responsáveis por ela. Por mais tempo que uma criança esteja na escola, nada acontecerá se não houver uma preocupação com a qualidade da utilização deste tempo. Do contrário, como dizia Paulo Freire, diante de certas realidades é preferível que nossos meninos e meninas jamais ponham seus pés numa sala de aula.
Quando comparamos nossa carga horária escola com a de países como Coréia do Sul, Japão, Suécia precisamos comparar também as atividades desenvolvidas e o entendimento de educação que se tem lá e cá. Por enquanto ainda percebemos que educação de qualidade é um privilégio de poucos e enquanto for assim corremos o risco de enganar nossas meninas e meninos, fazendo-os acreditar que quanto mais ficarem na escola melhor sairão de lá.
É bom lembrar que nossos meninos e meninas não são anjos e nem demônios, são crianças que precisam formação, afeto e esperança. Tudo isto é construído com famílias e escolas de qualidade e não necessariamente de quantidade. A idéia da escola em tempo integral é encantadora, mas não pode apenas ser copiada. Precisa ser contextualizada e assumida pelo poder público, educadores, gestores e famílias para que tenhamos um acréscimo de qualidade ao que se aprende. Afinal a educação tem demonstrado que pode até assumir funções de outras instituições como as da família, mas até então nenhuma outra organização humana tem se revelado capaz de substituir a altura as funções da educação.
Haveremos de construir coletivamente uma escola que acolha nossos meninos e meninas e os faça homens e mulheres sensíveis, solidários e comprometidos e construir uma grande e incomparável nação. Homens e mulheres que não se contentem com migalhas, livres dos grilhões da violência, da fome e da miséria. Se a ampliação do tempo de permanência na escola for o caminho para isso, que a façamos de forma comprometida, séria e ética.
A consciência do mundo, que viabiliza a consciência de mim, inviabiliza a imutabilidade do mundo. "Paulo Freire"
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É com prazer que te recebo neste espaço! Esta "casa" virtual está em permanente construção e em cada "cômodo" há uma inquietante necessidade de fazer diferente! Meus textos, relatos e imagens buscam apresentar a você os passos que constituem minha caminhada pessoal, profissional e acadêmica. A partilha que faço não intui caracterizar-se por uma postura doutrinária, autoritária ou impositiva-opressora, mas ao contrário, apresenta-se como ato solidário (jamais solitário) de contribuição à discussões humanas, planetárias e éticas!
Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!
Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!
Fraterno abraço!
Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!
Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!
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Quem sou eu
- Nilton Bruno Tomelin
- Benedito Novo, Santa Catarina, Brazil
- Sou Mestre em educação, graduado em Biologia e Matemática, professor da rede estadual de Santa Catarina, com experiência em educação a distância, ensino superior e pós-gradução. Sou autor e tutor de cursos na área da educação no Instituto Veritas (Ascurra) e na Atena Cursos (Timbó). Também tenho escrito constantemente para a Coluna "Artigo do Leitor" do "Jornal do Médio Vale" e para a revista eletrônica "Gestão Universitária". Fui diretor da EEB Frei Lucínio Korte (2003-2004) e secretário municipal da Educação e Promoção Social de Doutor Pedrinho (2005). Já atuei na rede municipal de ensino de Timbó. Em 2004 coordenei a campanha que conduziu à eleição do Prefeito Ercides Giacomozzi (PMDB) à prefeitura de Doutor Pedrinho. Em 2011 assumi pela segunda vez, a direção da EEB Frei Lucínio Korte.
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2 comentários:
Infelizmente as famílias brasileiras se tornaram viciadas em assistencialismo e, sequer, lutam por uma aprendizagem de qualidade. Querem GARANTIR um teto/proteção para seus filhos enquanto estão ausentes. Em minha cidade, convidamos a família para participar deste processo. Posso socializar seu texto a fim de suscitar reflexão? Maria Elena/Cubatão
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