Ao se aproximar o final do ano, quando milhares de jovens se submetem a exames de vestibular, é comum se ouvir comparações de desempenho entre alunos provenientes de escolas públicas e privadas. Quantitativamente é impossível não perceber que em termos de aprovações, a escola pública perde em muito da escola privada, especialmente quando se trata de vestibulares para cursos de universidades públicas. Os pais de muitos candidatos, ao verificar o insucesso de seus filhos normalmente são categóricos em afirmar que há 30 ou 40 anos “o ensino era mais forte”. Do ponto de vista dos conteúdos (e não dos conceitos) isso também é verdadeiro, pois a intenção era oferecer ao aluno condições “se virar na vida”.
Mas analisando de forma mais criteriosa é preciso identificar a complexidade envolvida nesta discussão. Não é correto julgar a qualidade do ensino apenas por uma prova que exige alguns conhecimentos e muitas informações. Também não é aceitável supor que a educação básica deva apenas preparar as pessoas para um vestibular. É inaceitável adiar a vida impondo saberes aos alunos dizendo-lhes que é preciso saber para um vestibular que acontecerá anos depois, quando aquele conhecimento já não tem mais sentido, assim como ninguém compra um aparelho, por exemplo, para utilizar anos depois.
Quanto ao “ensino mais forte”, não há dúvidas de que em anos pregressos se aprendia muito mais pela força (palmatória inclusive) do que pelo prazer de saber e reconhecer a utilidade do que se aprendia. Até porque o conhecimento de há 30 ou 40 anos era infinitamente menos do que se tem hoje. Mas o que me parece mais significativo é que há 30 ou 40 anos atrás a escola pública assumia um caráter elitista. Para comprovar isto, basta analisar a quantidade de crianças que nunca tiveram assento em bancos escolares e outros tantos simplesmente desistiam por repetência ou para incrementar a reduzida renda familiar.
Assim os grandes problemas educacionais de hoje não existiam aos olhos da classe média que construiu a sua escola. Com a universalização da escola pública em nível fundamental a classe média acabou rodeada destes problemas. Paralelo a isso parte da classe média migrou para a dos pobres e até miseráveis. Passou a ser parte do problema e não se aceita como tal. Enquanto a criança de classe média, da escola pública ou privada, tem boas noites de sono, mesas fartas, atividades esportivas e culturais e paralelas ao horário escolar, a criança da classe pobre ou miserável tem seu sono interrompido pelo frio, passa fome e no turno oposto ao da escola está complementando a renda de sua família.
Obviamente é preciso ampliar a qualidade da formação de todas as crianças e adolescentes, mas em hipótese alguma se pode pensar em reduzir a quantidade de atendimentos em nossas escolas. Estar na escola, é a esperança para muitas crianças de aprender a escrever seu nome, ler um texto ou até mesmo se alimentar. Aos críticos ao atual sistema de ensino cabe o convite a conhecer verdadeiramente a historicidade que nos conduziu ao que somos e somar esforços em compreender que a educação é um direito de todos e que “todos”, é formado por seres humanos muito diferentes.
Mas analisando de forma mais criteriosa é preciso identificar a complexidade envolvida nesta discussão. Não é correto julgar a qualidade do ensino apenas por uma prova que exige alguns conhecimentos e muitas informações. Também não é aceitável supor que a educação básica deva apenas preparar as pessoas para um vestibular. É inaceitável adiar a vida impondo saberes aos alunos dizendo-lhes que é preciso saber para um vestibular que acontecerá anos depois, quando aquele conhecimento já não tem mais sentido, assim como ninguém compra um aparelho, por exemplo, para utilizar anos depois.
Quanto ao “ensino mais forte”, não há dúvidas de que em anos pregressos se aprendia muito mais pela força (palmatória inclusive) do que pelo prazer de saber e reconhecer a utilidade do que se aprendia. Até porque o conhecimento de há 30 ou 40 anos era infinitamente menos do que se tem hoje. Mas o que me parece mais significativo é que há 30 ou 40 anos atrás a escola pública assumia um caráter elitista. Para comprovar isto, basta analisar a quantidade de crianças que nunca tiveram assento em bancos escolares e outros tantos simplesmente desistiam por repetência ou para incrementar a reduzida renda familiar.
Assim os grandes problemas educacionais de hoje não existiam aos olhos da classe média que construiu a sua escola. Com a universalização da escola pública em nível fundamental a classe média acabou rodeada destes problemas. Paralelo a isso parte da classe média migrou para a dos pobres e até miseráveis. Passou a ser parte do problema e não se aceita como tal. Enquanto a criança de classe média, da escola pública ou privada, tem boas noites de sono, mesas fartas, atividades esportivas e culturais e paralelas ao horário escolar, a criança da classe pobre ou miserável tem seu sono interrompido pelo frio, passa fome e no turno oposto ao da escola está complementando a renda de sua família.
Obviamente é preciso ampliar a qualidade da formação de todas as crianças e adolescentes, mas em hipótese alguma se pode pensar em reduzir a quantidade de atendimentos em nossas escolas. Estar na escola, é a esperança para muitas crianças de aprender a escrever seu nome, ler um texto ou até mesmo se alimentar. Aos críticos ao atual sistema de ensino cabe o convite a conhecer verdadeiramente a historicidade que nos conduziu ao que somos e somar esforços em compreender que a educação é um direito de todos e que “todos”, é formado por seres humanos muito diferentes.
2 comentários:
Oi Nilton!
Concordo contigo qdo afirmas que a educação educacional é muito mais complexa do que as manchetes que a mídia apresenta. Realmente a oportunidade de escola pública ampliou significativamente. Falta que o acesso seja acompanhado melhoria nas condições físicas, pedagógicas. Os resultados de nossas escolas públicas revelam muitas vezes as grandes diferenças sociais e econômicas de nossa sociedade. Sou uma defensora das escolas públicas e me incomoda muito essas afirmações da mídia em geral e de muitas pessoas de nossa sociedade que afirmam que resultados de aprovação em vestibulares representam "qualidade" de escolas. Um grande abraço, gosto muito de ler suas reflexões.
E as enchentes no seu município?
Então vamos continuar com nossa rede de interações...
Quem sabe você poderia relatar os efeitos da enxurrada?/cheias no seu município.
Boa semana
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