Que bom que você está aqui!

É com prazer que te recebo neste espaço! Esta "casa" virtual está em permanente construção e em cada "cômodo" há uma inquietante necessidade de fazer diferente! Meus textos, relatos e imagens buscam apresentar a você os passos que constituem minha caminhada pessoal, profissional e acadêmica. A partilha que faço não intui caracterizar-se por uma postura doutrinária, autoritária ou impositiva-opressora, mas ao contrário, apresenta-se como ato solidário (jamais solitário) de contribuição à discussões humanas, planetárias e éticas!



Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!



Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!



Fraterno abraço!








Casa Rosada - sede do governo argentino. Em frente está a Praça de Maio. É um local em que é possível conhecer um pouco da história e da cultura argentina.

sábado, 23 de outubro de 2010

Analfabetismo e democracia

Um dos dramas mais vergonhosos que acomete parte da população brasileira é o fato de não saber ler ou escrever o próprio nome. O analfabetismo atinge a cifra dos 14 milhões de pessoas acima de 15 anos de idade. Outros 34 milhões de brasileiros sabem soletrar e desenhar algumas palavras mas não conhecem seu significado, caracterizando-se como analfabetos funcionais. Somados são cerca de 48 milhões brasileiros vivendo num outro mundo, sombrio, misterioso.

Se considerarmos o fato de que estes brasileiros estão na faixa etária em que é permitido votar, conclui-se que correspondem a cerca de 35,5% do eleitorado brasileiro. Assim mais de um terço dos votos está nas mãos de quem não conseguirá discutir com profundidade a melhor opção para o seu futuro num momento decisivo como ocorre em tempos de eleição.

Mais grave do que isso, são pessoas incapazes de se comunicar e de se fazer ouvir. Permanecem num silêncio ensurdecedor e são por isso, facilmente manipulados por estratégias de propaganda que os transformam em meros bonecos de ventríloquos. Preocupa o fato de que diante desta constatação não se vislumbram políticas públicas que acabem definitivamente com este problema.

Antes de questionar os motivos reais por que ninguém se compromete efetivamente na resolução deste problema vamos apresentar alguns números. Segundo o professor e senador Cristóvam Buarque, se adotássemos o Método Paulo Freire de alfabetização, cada pessoa poderia ser alfabetizada em cerca de 45 dias. Em relação a isso é preciso dizer que este método já foi elaborado e aprovado nos anos de 1960, mas foi abortado com a Revolução de 1964.

Segundo o professor Cristóvam cada aluno, para ser alfabetizado, custaria cerca de R$ 300,00. Considerando os 48 milhões de brasileiros que deveriam dispor do direito de serem alfabetizados seriam necessários R$ 10,2 bilhões. Parece um valor exorbitante, mas veremos que não é bem assim. Segundo a revista Exame, o governo federal arrecadou em 2009, cerca de R$ 698 bilhões. Assim, o valor necessário para erradicar o analfabetismo no Brasil corresponde a 1,46% do que é arrecadado num único ano (isto apenas na esfera federal).

Além disso, é preciso dizer que este gasto acorrerá apenas uma vez e em etapas. Assim, por exemplo, se um presidente da república quiser poderá utilizar cerca 0,4% da arrecadação anual ao longo de seu mandato e poderá entregar uma nação com toda a sua população lendo e escrevendo. Diante disto é preciso analisar com mais profundidade o problema. Manter esta legião de alienados serve aos interesses de quem? Será que há quem acredite que existem pessoas que não desejam ou não são capazes de aprender a ler e escrever? Usando e velha metáfora, por que nossos dirigentes preferem prometer o peixe pronto a se comprometer a ensinar as pessoas a pescar?

Enfim, a democracia será construída partindo de princípios e garantias elementares. Ler, escrever, comer, vestir e conviver em paz, são direitos inquestionáveis mas que foram negados ao longo de séculos de história. Assim como grandes tragédias comovem, a tragédia do analfabetismo deveria sensibilizar a nação. Os números mostram que reivindicar a erradicação do analfabetismo, não representa desejar o impossível. É apenas exigir que a nação do futuro seja construída sobre alicerces seguros e sólidos.

Enquanto algo elementar como saber ler e escrever for um sonho, uma utopia, não temos o direito de projetar o futuro. por mais aprazível que seja sonhar e por mais confortável que seja o “berço esplêndido” em que nos encontramos, é preciso acordar! Os séculos de dormência nos conduziram a um perigoso estado de passividade sobre o qual construímos nossa democracia. É preciso uma grande revolução.

A grande revolução democrática não comporta golpes políticos, perseguições ou imolações. Trata-se de uma revolução contra o conformismo, a estagnação e a aceitação passiva da negação de direitos. Se a matemática prova que acabar com o analfabetismo representa um investimento ínfimo, é preciso que sensibilidade, coragem e vontade política se juntem pela dignidade de todos os brasileiros e brasileiras.

*Publicado na edição de 29.10.10 do Jornal do Médio Vale

Um comentário:

Anônimo disse...

Professor Nilton, muito legal esta sua atualização, lendo vi que o senhor fala do Senador Cristovám Buarque, eu já tive a oportunidade de assistir algumas vezes na TV Senado, e vi que ele em seus pronunciamentos fala muito sobre a educação no Brasil, hoje no meu ponto de vista se nossos governantes não tiverem consciência e olharem bem para a Educação dentro de alguns anos teremos sérios problemas, mas acredito que para melhorar a Educação no país não basta somente investimento do Governo, pois a consciência de muitas pessoas (pais, alunos), também deve mudar, pois muitas vezes escutamos criticas pesada sobre as escolas publica, mais digo que não é somente culpa do governo, pois se muitas vezes os Professores forçam, dificultam um pouco o método de aprendizagem muitos pais tem cara de pau de reclamar, pois dizem que isto tudo é muito difícil e seus filhos não tem tempo para estudarem e tudo mais. Daí chego ao ponto que gostaria de abordar porque se muitos pais pagam pelo ensino do seu não acham tudo pesado e difícil, ainda acham que poderia ser mais, e na escola publica nada pode? Por isso penso que deveria ter uma conscientização, entre várias partes como os pais, alunos, professores, diretores, gestores da educação no Brasil entre outros para daí sim mudarmos a história da educação, e quanto ao analfabetismo são números alarmantes que deve ser visto com muito rigor, para podermos combater este “mal”, pois todo cidadão tem o direito de saber ler e escrever acho que a nível municipal temos muitas pessoas analfabetas e teria que ser visto com certa urgência para os números não aumentarem cada vez mais.
Muito legal seu Blog professor Nilton, acompanho-o algum tempo já e gosto de ler o que o professor escreve, e leio também a coluna do professor no Jornal do Médio Vale, parabéns professor pelo Blog, Coluna no Jornal, e pelas iniciativas como professoras no colégio, por apoiar varias atividades diversificadas.

Quem sou eu

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Benedito Novo, Santa Catarina, Brazil
Sou Mestre em educação, graduado em Biologia e Matemática, professor da rede estadual de Santa Catarina, com experiência em educação a distância, ensino superior e pós-gradução. Sou autor e tutor de cursos na área da educação no Instituto Veritas (Ascurra) e na Atena Cursos (Timbó). Também tenho escrito constantemente para a Coluna "Artigo do Leitor" do "Jornal do Médio Vale" e para a revista eletrônica "Gestão Universitária". Fui diretor da EEB Frei Lucínio Korte (2003-2004) e secretário municipal da Educação e Promoção Social de Doutor Pedrinho (2005). Já atuei na rede municipal de ensino de Timbó. Em 2004 coordenei a campanha que conduziu à eleição do Prefeito Ercides Giacomozzi (PMDB) à prefeitura de Doutor Pedrinho. Em 2011 assumi pela segunda vez, a direção da EEB Frei Lucínio Korte.