Mais uma vez, após 186 anos, estamos comemorando o dia da Pátria e como sempre ouvimos exaustivos discursos, pronunciamentos e homenagens que se baseiam, ou em dizer que não temos independência alguma ou para enaltecer nossas grandezas, nossos heróis e seus grandes feitos. As duas frentes estão certas porém, seus discursos nunca se encontram, nunca dialogam. Parece parte de uma tradição que não se rompe e que insiste em criar um véu em torno do que realmente importa.
Vivemos numa democracia em que se compra e vende votos; num país considerado celeiro do mundo em que milhares passam fome; numa nação que é dona das maiores reservas de água doce do mundo, em que há quem mora de cede. Isso tudo leva a crer que, ou as pessoas não se apercebem do fato ou simplesmente fingem não saber. Mas tudo isso é reversível, bastando à ciência fazer sua parte. Já reciclamos mais, nossos carros já se movem poluindo menos, voltamos a consumir frutas e verduras, trocamos informações em tempo real através de espaços virtuais, enfim, há esperanças.
Mas há algo que ainda parece esquecido e que merece ser lembrado sempre, por ser nosso maior patrimônio: as crianças. Muitas delas morrem sem antes dar sequer um passo, ou falar papai e mamãe, isto se tiverem a quem chamar de papai ou mamãe. Outras jamais sentirão o prazer de embalar uma boneca em seus braços ou correr atrás de uma bola. Algumas sequer vão experimentar a doçura de um sorvete. Muitas delas nunca vão aprender a segurar um lápis ou descobrir com que letras se escreve seu próprio nome.
Isso parece mais um daqueles discursos dramáticos. Pode até ser! Mas ignorar tudo isto seria tão infame quanto simplesmente dizer que estatisticamente estamos bem, por que reciclamos mais, nossos carros poluem menos, etc. Estas esperanças não são suficientes para que possamos cruzar os braços e apostar que a ciência salvará nosso maior patrimônio, se ela é incapaz de fazer com que cada criança seja assim compreendida.
Mesmo as que sobrevivem deste calvário, precisam de atenção especial. O fato de ensinar a elas a manusear um lápis ou reconhecer letras e números não lhes garante o direito de ocupar seu espaço. Se não souberem o que fazer com letras e números, se não compreenderem o sentido de palavras, frases e cálculos serão apenas instrumentos de dominação e opressão. As que sabem o que fazer com palavras, frases e cálculos serão adultos que se utilizarão do poder de dominação e opressão para fazer dos outros seres humanos, criaturas de segunda classe.
Assim preservar e cuidar deste patrimônio é garantir que haja pátria, que haja esperança. É converter esta esperança em certeza de que toda criança possa viver para dar o primeiro passo, falar e chamar alguém de papai e mamãe, embalar uma boneca ou chutar uma bola, experimentar um sorvete, segurar um lápis e fazer brotar dele palavras, frases...
Só merece ser chamada de Pátria, a nação que acolhe suas crianças com amor, que as faz crescer com dignidade, que as transforma em adultos solidários e generosos. Uma nação que seja enfim, a “mãe gentil” que embale em seus braços aconchegantes cada um dos pequeninos que brotam de suas entranhas. Que ensine a cada um destes pequeninos a se abraçarem e sentirem o calor do amor fraterno que une os seres humanos.
Vivemos numa democracia em que se compra e vende votos; num país considerado celeiro do mundo em que milhares passam fome; numa nação que é dona das maiores reservas de água doce do mundo, em que há quem mora de cede. Isso tudo leva a crer que, ou as pessoas não se apercebem do fato ou simplesmente fingem não saber. Mas tudo isso é reversível, bastando à ciência fazer sua parte. Já reciclamos mais, nossos carros já se movem poluindo menos, voltamos a consumir frutas e verduras, trocamos informações em tempo real através de espaços virtuais, enfim, há esperanças.
Mas há algo que ainda parece esquecido e que merece ser lembrado sempre, por ser nosso maior patrimônio: as crianças. Muitas delas morrem sem antes dar sequer um passo, ou falar papai e mamãe, isto se tiverem a quem chamar de papai ou mamãe. Outras jamais sentirão o prazer de embalar uma boneca em seus braços ou correr atrás de uma bola. Algumas sequer vão experimentar a doçura de um sorvete. Muitas delas nunca vão aprender a segurar um lápis ou descobrir com que letras se escreve seu próprio nome.
Isso parece mais um daqueles discursos dramáticos. Pode até ser! Mas ignorar tudo isto seria tão infame quanto simplesmente dizer que estatisticamente estamos bem, por que reciclamos mais, nossos carros poluem menos, etc. Estas esperanças não são suficientes para que possamos cruzar os braços e apostar que a ciência salvará nosso maior patrimônio, se ela é incapaz de fazer com que cada criança seja assim compreendida.
Mesmo as que sobrevivem deste calvário, precisam de atenção especial. O fato de ensinar a elas a manusear um lápis ou reconhecer letras e números não lhes garante o direito de ocupar seu espaço. Se não souberem o que fazer com letras e números, se não compreenderem o sentido de palavras, frases e cálculos serão apenas instrumentos de dominação e opressão. As que sabem o que fazer com palavras, frases e cálculos serão adultos que se utilizarão do poder de dominação e opressão para fazer dos outros seres humanos, criaturas de segunda classe.
Assim preservar e cuidar deste patrimônio é garantir que haja pátria, que haja esperança. É converter esta esperança em certeza de que toda criança possa viver para dar o primeiro passo, falar e chamar alguém de papai e mamãe, embalar uma boneca ou chutar uma bola, experimentar um sorvete, segurar um lápis e fazer brotar dele palavras, frases...
Só merece ser chamada de Pátria, a nação que acolhe suas crianças com amor, que as faz crescer com dignidade, que as transforma em adultos solidários e generosos. Uma nação que seja enfim, a “mãe gentil” que embale em seus braços aconchegantes cada um dos pequeninos que brotam de suas entranhas. Que ensine a cada um destes pequeninos a se abraçarem e sentirem o calor do amor fraterno que une os seres humanos.
Um comentário:
É isto mesmo: que Pátria é esta que muitas vezes não acolhe suas crianças, que as deixa a mercê de armas, miséria, maus tratos, carências materiais e afetivas?
Abraços e bom final de semana
Marisa
Postar um comentário