Chega-se ao final da primeira década do século XXI e do terceiro Milênio com a consciência e a certeza de que é preciso fazer uma nova história. Se o século XX foi marcado pela violência, depredação ambiental e pelo distanciamento entre pobres e ricos, no século XXI há uma busca pela paz, pela preservação ambiental e pela redistribuição das riquezas. Se o século XX foi marcado pela constante inovação tecnológica, pelo surgimento das grandes redes de informação o século XXI, em sua primeira década, vê a ecologia e a espiritualidade dominarem não apenas a literatura, mas também o cotidiano das pessoas. Pode-se dizer que estamos num novo tempo.
Obviamente estamos ainda vivendo uma fase embrionária desta profunda transformação, mas é assim que se começa. Novos valores e novas perspectivas surgem diante da constatação da inviabilidade do modelo construído ao longo do tempo, especialmente no século XX. A humanidade se percebeu ameaçada, e notou que a ameaça vem dela própria. A dominação, o controle e o apoderamento cedem lugar ao cuidado e a compaixão. Não o cuidado e a compaixão do mais forte para o mais fraco, mas de todos os seres humanos, uns para com os outros.
Um cuidado que leva em consideração a necessidade de que todos sejam tratados com igualdade. Um cuidado planetário, através do qual seja garantida vida digna a tudo o que habita o planeta. Percebeu-se finalmente que o capital e o poder perdem totalmente a sua importância se não houver garantias básicas à vida. Assim a ecologia não é apenas uma ciência que trata de questões ligadas ao meio ambiente, mas a vida, a dignidade e a possibilidade de futuro para o planeta. É preciso por isso além de cuidar de nossas florestas e rios, é preciso atenção especial à saúde, saneamento básico, segurança, etc.
Outra tendência é a retomada da condição espiritual, que caracteriza o ser humano, como sujeito de transcendência. O ser humano não se vê apenas como um corpo, mas como um ser privilegiado, que dispõe de um espaço único no planeta. Descobriu, depois de séculos, que sua vida e a do planeta estão ameaçados por ele mesmo. Essa nova condição, exige um novo homem e uma nova mulher! Não há como imaginar um novo tempo, repetindo erros e insistindo nas mesmas atitudes.
Neste sentido em 2011 é preciso avançar! Poluir menos, cuidar melhor do lixo, caminhar mais, alimentar-se melhor, disseminar e viver a paz, conviver mais e melhor! Não basta desejar as melhores coisas para o ano que virá, mas comprometer-se efetivamente em promovê-las. Do contrário, ao final de 2011 estaremos desejando as mesmas coisas para 2012. Enquanto desejarmos aos outros e não construirmos para nós e com os outros, tudo não passará de mera formalidade.
A consciência do mundo, que viabiliza a consciência de mim, inviabiliza a imutabilidade do mundo. "Paulo Freire"
Que bom que você está aqui!
É com prazer que te recebo neste espaço! Esta "casa" virtual está em permanente construção e em cada "cômodo" há uma inquietante necessidade de fazer diferente! Meus textos, relatos e imagens buscam apresentar a você os passos que constituem minha caminhada pessoal, profissional e acadêmica. A partilha que faço não intui caracterizar-se por uma postura doutrinária, autoritária ou impositiva-opressora, mas ao contrário, apresenta-se como ato solidário (jamais solitário) de contribuição à discussões humanas, planetárias e éticas!
Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!
Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!
Fraterno abraço!
Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!
Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!
Fraterno abraço!
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
O “Verdadeiro sentido” do Natal
A celebração do Natal é sempre um tempo especial. Religiosidade, consumo, tradição, luzes, ceia, são alvo da atenção das pessoas. É comum também encontrar quem queira reinventar o Natal, relembrando o chamado “verdadeiro sentido” da data. Um discurso repetitivo e de pouco impacto, visto que tudo o que se critica num ano se repete no outro. Afinal qual o problema? Imagino que seja o fato de que alguns se julgam capazes de descrever este “verdadeiro sentido”. O fato é que cada ser humano é capaz de construir em si e por si este “verdadeiro sentido”.
Certamente não se constrói um “verdadeiro sentido”, para o Natal ou para qualquer coisa, de uma hora para outra. Sentimentos, valores e sentidos tornam-se importantes a partir do momento em que são experimentados. Ora, se a história de uma pessoa e de uma sociedade é um caminho sem volta não há como reconduzi-los a um “verdadeiro sentido” para o Natal. É preciso então construir um novo sentido para o Natal, que seja adequado ao século XXI. Um século que ainda insiste em preservar a perversidade dos outros passados.
Fome, miséria, violência, corrupção, desperdício, analfabetismo estão presentes nos repetitivos discursos proferidos pelos quatro cantos do planeta. Esta repetição é um sinal claro de que estes temas nunca foram prioridade e desta forma torna-se difícil de acreditar que agora, finalmente sejam. Então, é preciso perguntar: Há realmente sinceridade nestes discursos sobre Natal e sobre as prioridades em relação ao futuro? Enquanto estes discursos forem motivados puramente pela emoção e por marqueteiros seria leviano alimentar expectativas. Enquanto a solidariedade entre as pessoas se limitar a campanhas de arrecadação de alimentos, brinquedos e roupas para distribuir por ocasião do Natal, continuaremos a ter miseráveis, famintos e flagelados pelos séculos.
Estas iniciativas são louváveis e merecem aplausos e reconhecimento pelo esforço e caridade de pessoas que se sensibilizam com a miséria alheia. Mas é preciso mais! A compreensão do “verdadeiro sentido” do Natal e da solidariedade passa pelo entendimento de que é preciso construir uma nação que dê oportunidade a todos. Nada mais digno para um pai ou mãe de família, ver sua mesa repleta de alimentos, justiça e esperança. Assim, esmola e caridade não serão mais necessárias e em seu lugar celebraremos a partilha, onde todos tenham a dar e a receber.
Enquanto o Natal for apenas uma vez por ano e para algumas pessoas seu “verdadeiro sentido” jamais será compreendido. A celebração do Natal diário só será possível quando os tiros cederam lugar aos abraços, as guerras ao encontros, a fome à fartura, o flagelo ao bem-viver, a morte à vida. Então haverá mais tempo para a criança brincar, para pais e mães dialogarem, vovôs e vovós orgulhosos contarem sua caminhada! Haverá um lugar em cada coração e em cada família, para o Menino nascer a cada dia.
Certamente não se constrói um “verdadeiro sentido”, para o Natal ou para qualquer coisa, de uma hora para outra. Sentimentos, valores e sentidos tornam-se importantes a partir do momento em que são experimentados. Ora, se a história de uma pessoa e de uma sociedade é um caminho sem volta não há como reconduzi-los a um “verdadeiro sentido” para o Natal. É preciso então construir um novo sentido para o Natal, que seja adequado ao século XXI. Um século que ainda insiste em preservar a perversidade dos outros passados.
Fome, miséria, violência, corrupção, desperdício, analfabetismo estão presentes nos repetitivos discursos proferidos pelos quatro cantos do planeta. Esta repetição é um sinal claro de que estes temas nunca foram prioridade e desta forma torna-se difícil de acreditar que agora, finalmente sejam. Então, é preciso perguntar: Há realmente sinceridade nestes discursos sobre Natal e sobre as prioridades em relação ao futuro? Enquanto estes discursos forem motivados puramente pela emoção e por marqueteiros seria leviano alimentar expectativas. Enquanto a solidariedade entre as pessoas se limitar a campanhas de arrecadação de alimentos, brinquedos e roupas para distribuir por ocasião do Natal, continuaremos a ter miseráveis, famintos e flagelados pelos séculos.
Estas iniciativas são louváveis e merecem aplausos e reconhecimento pelo esforço e caridade de pessoas que se sensibilizam com a miséria alheia. Mas é preciso mais! A compreensão do “verdadeiro sentido” do Natal e da solidariedade passa pelo entendimento de que é preciso construir uma nação que dê oportunidade a todos. Nada mais digno para um pai ou mãe de família, ver sua mesa repleta de alimentos, justiça e esperança. Assim, esmola e caridade não serão mais necessárias e em seu lugar celebraremos a partilha, onde todos tenham a dar e a receber.
Enquanto o Natal for apenas uma vez por ano e para algumas pessoas seu “verdadeiro sentido” jamais será compreendido. A celebração do Natal diário só será possível quando os tiros cederam lugar aos abraços, as guerras ao encontros, a fome à fartura, o flagelo ao bem-viver, a morte à vida. Então haverá mais tempo para a criança brincar, para pais e mães dialogarem, vovôs e vovós orgulhosos contarem sua caminhada! Haverá um lugar em cada coração e em cada família, para o Menino nascer a cada dia.
Educação para a Paz!
Os episódios ocorridos no Rio de Janeiro remetem a sociedade a inúmeras discussões. Discussões de ordem política, social, humana e também educacional. Após as ocupações policiais dos morros cariocas pelo Estado é preciso estabelecer estratégias para que esta ocupação seja também uma ocupação cidadã. Antes disso é preciso dizer que a criação de um verdadeiro Estado paralelo, comandado por traficantes, assassinos e outras categorias de criminosos, não é fruto do acaso.
Este comandantes são fruto da omissão, da subserviência e da incompetência do poder público que falhou primeiramente na educação e seguiu impotente em áreas como saúde, lazer e segurança. Portanto, para evitar que novos “Complexos do Alemão” surjam pelo país, já temos uma lição ensinada pelo silêncio de inocentes e pelo sangue derramado pelo martírio de cidadãos historicamente esquecidos pelo Estado.
A falta de uma educação estruturada em valores e princípios de defesa da vida, portanto éticos, se traduz em fatos abomináveis. Os fatos do Rio de Janeiro são um exemplo de absurdos que se constroem lentamente por um longo período de ausência de lei. Mas tudo isso inicia-se pela formação que se oferece a crianças e jovens. Até o momento nenhum estudo genético foi capaz de provar que qualquer ser humano nasce criminoso. Ao contrário, o que se sabe é que o ambiente e o convívio forjam o caráter e a conduta de cada ser humano.
A educação, seja ela familiar ou escolar, constitui um dos espaços privilegiados de condicionamento de posturas. Uma educação para a paz será essencialmente uma educação a favor da vida, uma educação ética. Para isso não basta apresentar à criança e ao adolescente, os fenômenos bioquímicos que permitem a uma pessoa sobreviver. Ao contrário, a complexidade que envolve o conceito de vida, exige a percepção de valores como tolerância, respeito, partilha e solidariedade. Um conceito a ser construído, portanto, como um exercício de aprendizagem em que cada ser humano compreenda que não há melhores ou piores, apenas diferentes.
Enquanto a cor da pele, a opção sexual, os gostos musicais, o tamanho da silhueta, servirem de instrumento de classificação de seres humanos seremos coniventes com tudo o que gera toda a sorte de violência. A tolerância ao intolerável faz surgir uma verdadeira legião de marginais que agridem pais e professores, torturam colegas, traficam drogas e exterminam pessoas. Além do ocorrido no Rio de Janeiro, fatos ditos isolados, ocorrem por todo o país.
A relação selvagem entre seres humanos, merece atenção nos momentos de se discutir educação e formação humanas. E uma das formas de diluir a selvageria presente e crescente em nosso contexto é apostar e principalmente investir numa nova forma de educar as pessoas. A pacificação pela educação será sempre mais segura e mais consistente. Promover a paz não significa estabelecer que cessem as divergências, os conflitos e as diferenças. Significa pura e simplesmente fazer cessar a violência manifestada através de atitudes preconceituosas, autoritárias, arrogantes e desumanas.
Afastando a violência das relações humanas é possível pensar em solidariedade, respeito, liberdade e democracia. Valores fundamentais para que se possa viver em paz. Uma paz social e planetária. Construir esta paz, pela educação é por sua vez um compromisso político e ético. Um compromisso com o futuro!
* Texto publicado na edição do Jornal do Médio Vale em 17.12.10
Este comandantes são fruto da omissão, da subserviência e da incompetência do poder público que falhou primeiramente na educação e seguiu impotente em áreas como saúde, lazer e segurança. Portanto, para evitar que novos “Complexos do Alemão” surjam pelo país, já temos uma lição ensinada pelo silêncio de inocentes e pelo sangue derramado pelo martírio de cidadãos historicamente esquecidos pelo Estado.
A falta de uma educação estruturada em valores e princípios de defesa da vida, portanto éticos, se traduz em fatos abomináveis. Os fatos do Rio de Janeiro são um exemplo de absurdos que se constroem lentamente por um longo período de ausência de lei. Mas tudo isso inicia-se pela formação que se oferece a crianças e jovens. Até o momento nenhum estudo genético foi capaz de provar que qualquer ser humano nasce criminoso. Ao contrário, o que se sabe é que o ambiente e o convívio forjam o caráter e a conduta de cada ser humano.
A educação, seja ela familiar ou escolar, constitui um dos espaços privilegiados de condicionamento de posturas. Uma educação para a paz será essencialmente uma educação a favor da vida, uma educação ética. Para isso não basta apresentar à criança e ao adolescente, os fenômenos bioquímicos que permitem a uma pessoa sobreviver. Ao contrário, a complexidade que envolve o conceito de vida, exige a percepção de valores como tolerância, respeito, partilha e solidariedade. Um conceito a ser construído, portanto, como um exercício de aprendizagem em que cada ser humano compreenda que não há melhores ou piores, apenas diferentes.
Enquanto a cor da pele, a opção sexual, os gostos musicais, o tamanho da silhueta, servirem de instrumento de classificação de seres humanos seremos coniventes com tudo o que gera toda a sorte de violência. A tolerância ao intolerável faz surgir uma verdadeira legião de marginais que agridem pais e professores, torturam colegas, traficam drogas e exterminam pessoas. Além do ocorrido no Rio de Janeiro, fatos ditos isolados, ocorrem por todo o país.
A relação selvagem entre seres humanos, merece atenção nos momentos de se discutir educação e formação humanas. E uma das formas de diluir a selvageria presente e crescente em nosso contexto é apostar e principalmente investir numa nova forma de educar as pessoas. A pacificação pela educação será sempre mais segura e mais consistente. Promover a paz não significa estabelecer que cessem as divergências, os conflitos e as diferenças. Significa pura e simplesmente fazer cessar a violência manifestada através de atitudes preconceituosas, autoritárias, arrogantes e desumanas.
Afastando a violência das relações humanas é possível pensar em solidariedade, respeito, liberdade e democracia. Valores fundamentais para que se possa viver em paz. Uma paz social e planetária. Construir esta paz, pela educação é por sua vez um compromisso político e ético. Um compromisso com o futuro!
* Texto publicado na edição do Jornal do Médio Vale em 17.12.10
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Educação Libertadora: esforço, mérito e punição
Uma das funções mais belas e humanas da educação é a promoção da libertação de seres humanos. Esta libertação é quase um batismo. Na tradição católica costuma-se dizer que o batismo liberta do pecado original. Torna o sujeito membro de uma comunidade e por ela deverá viver! A educação libertadora surge com o propósito de romper com os grilhões que prendem o ser humano a sua bestialidade. Por bestialidade humana entende-se o caráter competitivo, agressivo, voraz e cruel que herdou-se dos instintos do passado.
O final do ano letivo para muitas crianças e adolescentes, é o momento de ganhar aquele brinquedo, fazer aquela viagem como recompensa pelo êxito de seu “esforço” nas rotinas de todo um ano, ou então de esparramar incontáveis justificativas pelo insucesso, apesar do “esforço”. Aos contemplados com a “punição” do insucesso a preocupação em justificar. Educadores, famílias e adolescentes, buscando elementos diversos para expressar culpas. Elementos de ordem médica, psicológica, mística surgem para justificar o óbvio. Não houve sintonia entre o que se ensinou, o que se aprendeu e o que realmente deve ser ensinado e aprendido.
O que se ensinou, em verdade se constitui numa repetição de enunciados que já eram conhecidos de nossos avós, com honrosas exceções. Pouco se problematiza, questiona e debate no contexto escolar. É preciso vencer conteúdos! E é bom que se diga que os educadores são induzidos a cometer este erro, por que por mais que se cobre uma educação inovadora, sabe-se que a aprovação em concursos, vestibulares, por exemplo, se dá principalmente pelo domínio dos tais enunciados.
O que se aprendeu, passa a ser materializado através de boletins, relatórios e sente-se que pretendem determinar a qualidade intelectual de crianças e adolescentes. As famílias não imaginam que seus filhos deveriam estar preparados para transformar a sociedade em que vivem, tornando-a includente e cooperativa. Em lugar de enunciados e conteúdos, valores e virtudes poderiam contribuir para a formação de sujeitos para esta nova sociedade. A maioria das crianças e adolescentes, até acreditam que seja possível e necessária esta transformação. Mas como nós educadores e pais também já tivemos este sonho, e este foi reprimido, acreditamos que devemos agir da mesma forma com eles.
Assim, o dito “esforço” corresponde a uma espécie de enquadramento, é “cair na real” como dizem. Diversidade, identidade, solidariedade e compaixão são considerados valores que enfraquecem o potencial competitivo do sujeito. E enfraquecem mesmo, pois estão diretamente ligados a cooperação, jamais a competição. O grande mérito está em ser competitivo, o melhor entre muitos. Haverá, naturalmente, um premiado e muitos punidos! O que assusta é exatamente isso: é natural que haja um vencedor e muitos derrotados!
O mérito está em ser o maior, e não o melhor! Ser o melhor não exclui, evidentemente a possibilidade de ser também o maior. Mas desta forma, para ser o melhor ( e o maior), é preciso saber partilhar, conviver, acolher e cooperar. É dar oportunidades iguais a quem é diferente. Em tempos em que a grande preocupação é com a sobrevivência do próprio planeta, incutir o espírito competitivo a aprová-los por isso, me parece a maior punição para eles e para o futuro.
O grande e verdadeiro esforço que nos resta empreender é o de libertar as futuras gerações daquilo que poderá aniquilá-las: a competição. A competição a que nos referimos, trata de um esforço em dominar a natureza, devastando florestas, solos e águas e cometendo verdadeiros genocídio contra índios, judeus e negros, para citar alguns exemplos.
Mas o que deve ser ensinado e aprendido? Há dúvidas quanto ao ensinar. Soa como se alguém pudesse transferir o que sabe. Mais do que isso, como se este saber, pudesse assumir a condição de verdade absoluta e que deva ser ensinado e aprendido sem qualquer mudança ou transformação. Em relação a aprender, é possível dizer que é um exercício que transcende a simples apreensão de informações. Trata-se de uma construção imersa em valores que permita a compreensão do individual e do coletivo, com duas dimensões que dialoguem entre si, e se forjem dialeticamente.
Assim, educadores, pais e adolescentes necessitam compreender que esforço, mérito e punição são mais do que simples palavras. Não são palavras que se aplicam a alunos em final de ano letivo, mas valores que poderão definir o futuro, inclusive a possibilidade de haver futuro! Parte da libertação que a educação poderá oferecer é a certeza de que é possível haver futuro, através da soma da diversidade de esforços.
O final do ano letivo para muitas crianças e adolescentes, é o momento de ganhar aquele brinquedo, fazer aquela viagem como recompensa pelo êxito de seu “esforço” nas rotinas de todo um ano, ou então de esparramar incontáveis justificativas pelo insucesso, apesar do “esforço”. Aos contemplados com a “punição” do insucesso a preocupação em justificar. Educadores, famílias e adolescentes, buscando elementos diversos para expressar culpas. Elementos de ordem médica, psicológica, mística surgem para justificar o óbvio. Não houve sintonia entre o que se ensinou, o que se aprendeu e o que realmente deve ser ensinado e aprendido.
O que se ensinou, em verdade se constitui numa repetição de enunciados que já eram conhecidos de nossos avós, com honrosas exceções. Pouco se problematiza, questiona e debate no contexto escolar. É preciso vencer conteúdos! E é bom que se diga que os educadores são induzidos a cometer este erro, por que por mais que se cobre uma educação inovadora, sabe-se que a aprovação em concursos, vestibulares, por exemplo, se dá principalmente pelo domínio dos tais enunciados.
O que se aprendeu, passa a ser materializado através de boletins, relatórios e sente-se que pretendem determinar a qualidade intelectual de crianças e adolescentes. As famílias não imaginam que seus filhos deveriam estar preparados para transformar a sociedade em que vivem, tornando-a includente e cooperativa. Em lugar de enunciados e conteúdos, valores e virtudes poderiam contribuir para a formação de sujeitos para esta nova sociedade. A maioria das crianças e adolescentes, até acreditam que seja possível e necessária esta transformação. Mas como nós educadores e pais também já tivemos este sonho, e este foi reprimido, acreditamos que devemos agir da mesma forma com eles.
Assim, o dito “esforço” corresponde a uma espécie de enquadramento, é “cair na real” como dizem. Diversidade, identidade, solidariedade e compaixão são considerados valores que enfraquecem o potencial competitivo do sujeito. E enfraquecem mesmo, pois estão diretamente ligados a cooperação, jamais a competição. O grande mérito está em ser competitivo, o melhor entre muitos. Haverá, naturalmente, um premiado e muitos punidos! O que assusta é exatamente isso: é natural que haja um vencedor e muitos derrotados!
O mérito está em ser o maior, e não o melhor! Ser o melhor não exclui, evidentemente a possibilidade de ser também o maior. Mas desta forma, para ser o melhor ( e o maior), é preciso saber partilhar, conviver, acolher e cooperar. É dar oportunidades iguais a quem é diferente. Em tempos em que a grande preocupação é com a sobrevivência do próprio planeta, incutir o espírito competitivo a aprová-los por isso, me parece a maior punição para eles e para o futuro.
O grande e verdadeiro esforço que nos resta empreender é o de libertar as futuras gerações daquilo que poderá aniquilá-las: a competição. A competição a que nos referimos, trata de um esforço em dominar a natureza, devastando florestas, solos e águas e cometendo verdadeiros genocídio contra índios, judeus e negros, para citar alguns exemplos.
Mas o que deve ser ensinado e aprendido? Há dúvidas quanto ao ensinar. Soa como se alguém pudesse transferir o que sabe. Mais do que isso, como se este saber, pudesse assumir a condição de verdade absoluta e que deva ser ensinado e aprendido sem qualquer mudança ou transformação. Em relação a aprender, é possível dizer que é um exercício que transcende a simples apreensão de informações. Trata-se de uma construção imersa em valores que permita a compreensão do individual e do coletivo, com duas dimensões que dialoguem entre si, e se forjem dialeticamente.
Assim, educadores, pais e adolescentes necessitam compreender que esforço, mérito e punição são mais do que simples palavras. Não são palavras que se aplicam a alunos em final de ano letivo, mas valores que poderão definir o futuro, inclusive a possibilidade de haver futuro! Parte da libertação que a educação poderá oferecer é a certeza de que é possível haver futuro, através da soma da diversidade de esforços.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Formação Virtual de Crianças
A presença da INTERNET e dos ambientes virtuais no cotidiano da humanidade é inegável. Transações bancárias, formação acadêmica, relacionamentos, comunicação, são apenas algumas atividades que podem ser concretizadas em qualquer tempo e em qualquer lugar do mundo, bastando um equipamento e um ponto de acesso a grande rede. E tudo isso pode ser feito por qualquer pessoa, independente de sua idade e de suas convicções. Por esta razão uma das grandes preocupações da atualidade é preparar nossas crianças e adolescentes para utilizar este recurso.
Por ser um espaço de circulação permanente e indiscriminado de pessoas a INTERNET é também um espaço de exposição. Nos ambientes físicos concretos é possível um controle maior, por serem mais limitados e por haver um contato presencial entre os envolvidos. Assim, era comum, os pais proibirem seus filhos de receber certos amigos em suas casas, ou de frequentar ambientes considerados impróprios. Mas em relação aos ambientes virtuais este controle é muito mais difícil. Sem sair de casa é possível trazer o mundo para dentro dela. A vizinhança já não são mais as pessoas a quem cumprimentamos e com quem conversamos naqueles minutos de folga ou caminhada pelo quarteirão onde moramos. A vizinhança é o mundo.
Se antes era preciso preparar nossas crianças a não aceitar alimentos e brinquedos de estranhos, agora é preciso ensiná-las e escolher o site mais adequado, a filtrar conteúdos. Algo muito mais complexo pela variedade de sites e conteúdos e principalmente pela falta de conhecimento dos pais sobre este novo mundo. Um mundo gigantesco e invisível. Mas, qual a possível solução para isso? Uma opção radical seria renunciar completamente à INTERNET, o que geraria um colapso, pois já não é possível imaginar o mundo real sem o virtual. Proibir o acesso de nossas crianças e adolescentes aos ambientes virtuais seria privá-los da possibilidade de se inserir verdadeiramente na sociedade real. Seria negar-lhes o direito de fazer parte do século XXI e depõe contra todas as concepções de inclusão social.
A solução me parece um tanto simples. Afinal, como aprendemos, em nossa infância a agir de forma correta, justa e digna? Quem nos ensinou a não aceitar presentes e agrados de estranhos? Certamente não foram livros, cartilhas ou tratados, mas o convívio familiar através do qual, diferentes valores serão apresentados e partilhados. Mais do que proibir, é preciso educar o ser humano a conviver. E hoje conviver significa também discernir conteúdos e ambientes.
O convívio, seja físico ou virtual, exige além de conhecimento, uma grande bagagem de valores, que podem e devem ser reforçados pela escola, mas que nascem no seio da família. O caráter intransferível da formação familiar é o que vai determinar a capacidade de conviver de forma saudável, seja num ambiente real ou virtual. Por esta razão, apostar na família ainda é uma forma de garantir que a formação real ou virtual possa consolidar valores farão de cada criança um sujeito livre, responsável e preparado para dizer não, não apenas para quem oferece um agrado, mas para quem atrai, mente, omite.
A escola tem seu papel nesta questão. Além de tratar de conceitos e conteúdos, poderá contribuir para que cada criança se torne um adulto capaz de discernir o certo e o errado. Para isso a escola deverá utilizar-se de valores éticos, para que cada ser humano possa perceber a melhor forma de agir. Assim escola e família, cumprirão o seu papel, e juntas formarão gerações capazes de conviver de forma respeitosa e solidária.
Texto publicado no Jornal do Médio Vale, na edição de 03.11.10.
Por ser um espaço de circulação permanente e indiscriminado de pessoas a INTERNET é também um espaço de exposição. Nos ambientes físicos concretos é possível um controle maior, por serem mais limitados e por haver um contato presencial entre os envolvidos. Assim, era comum, os pais proibirem seus filhos de receber certos amigos em suas casas, ou de frequentar ambientes considerados impróprios. Mas em relação aos ambientes virtuais este controle é muito mais difícil. Sem sair de casa é possível trazer o mundo para dentro dela. A vizinhança já não são mais as pessoas a quem cumprimentamos e com quem conversamos naqueles minutos de folga ou caminhada pelo quarteirão onde moramos. A vizinhança é o mundo.
Se antes era preciso preparar nossas crianças a não aceitar alimentos e brinquedos de estranhos, agora é preciso ensiná-las e escolher o site mais adequado, a filtrar conteúdos. Algo muito mais complexo pela variedade de sites e conteúdos e principalmente pela falta de conhecimento dos pais sobre este novo mundo. Um mundo gigantesco e invisível. Mas, qual a possível solução para isso? Uma opção radical seria renunciar completamente à INTERNET, o que geraria um colapso, pois já não é possível imaginar o mundo real sem o virtual. Proibir o acesso de nossas crianças e adolescentes aos ambientes virtuais seria privá-los da possibilidade de se inserir verdadeiramente na sociedade real. Seria negar-lhes o direito de fazer parte do século XXI e depõe contra todas as concepções de inclusão social.
A solução me parece um tanto simples. Afinal, como aprendemos, em nossa infância a agir de forma correta, justa e digna? Quem nos ensinou a não aceitar presentes e agrados de estranhos? Certamente não foram livros, cartilhas ou tratados, mas o convívio familiar através do qual, diferentes valores serão apresentados e partilhados. Mais do que proibir, é preciso educar o ser humano a conviver. E hoje conviver significa também discernir conteúdos e ambientes.
O convívio, seja físico ou virtual, exige além de conhecimento, uma grande bagagem de valores, que podem e devem ser reforçados pela escola, mas que nascem no seio da família. O caráter intransferível da formação familiar é o que vai determinar a capacidade de conviver de forma saudável, seja num ambiente real ou virtual. Por esta razão, apostar na família ainda é uma forma de garantir que a formação real ou virtual possa consolidar valores farão de cada criança um sujeito livre, responsável e preparado para dizer não, não apenas para quem oferece um agrado, mas para quem atrai, mente, omite.
A escola tem seu papel nesta questão. Além de tratar de conceitos e conteúdos, poderá contribuir para que cada criança se torne um adulto capaz de discernir o certo e o errado. Para isso a escola deverá utilizar-se de valores éticos, para que cada ser humano possa perceber a melhor forma de agir. Assim escola e família, cumprirão o seu papel, e juntas formarão gerações capazes de conviver de forma respeitosa e solidária.
Texto publicado no Jornal do Médio Vale, na edição de 03.11.10.
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Quem sou eu
- Nilton Bruno Tomelin
- Benedito Novo, Santa Catarina, Brazil
- Sou Mestre em educação, graduado em Biologia e Matemática, professor da rede estadual de Santa Catarina, com experiência em educação a distância, ensino superior e pós-gradução. Sou autor e tutor de cursos na área da educação no Instituto Veritas (Ascurra) e na Atena Cursos (Timbó). Também tenho escrito constantemente para a Coluna "Artigo do Leitor" do "Jornal do Médio Vale" e para a revista eletrônica "Gestão Universitária". Fui diretor da EEB Frei Lucínio Korte (2003-2004) e secretário municipal da Educação e Promoção Social de Doutor Pedrinho (2005). Já atuei na rede municipal de ensino de Timbó. Em 2004 coordenei a campanha que conduziu à eleição do Prefeito Ercides Giacomozzi (PMDB) à prefeitura de Doutor Pedrinho. Em 2011 assumi pela segunda vez, a direção da EEB Frei Lucínio Korte.
Os endereços de minhas "viagens" mais frequêntes
- Anonymus Gourmet
- Associação Brasileira das Mantenedoras do ES
- Atena Cursos
- Benedito Novo
- Biblioteca Casa Fernando Pessoa
- Biblioteca virtual mundial
- Blog BioVirtual
- CNPQ
- Comitê do Itajaí
- Congresso UNIFEBE
- Culinária Edu Guedes
- Culinária Mais Você
- Culinária Receita Minuto
- Curso Proinfo
- Câmara dos Deputados
- Diário Catarinense
- Domínio Público
- Doutor Pedrinho
- E-PROINFO
- EaD IFSC
- Ead UAB Blumenau
- EaD UAB Indaial
- EaD UFSC
- EEB Frei Lucínio Korte
- Esc. de Admin. Fazendária
- Escola do Legislativo
- Estadão
- FAPI
- Folha de São Paulo
- Formação na Escola FNDE
- Fotolog Prof Nilton
- Fritz Muller
- FUG
- FURB
- Gov Santa Catarina
- Ins Paulo Freire
- Instituto Da Vinci
- Irmãos Frainer
- Jornal de SC
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- Leonardo Boff
- Museu Virtual de História da Educação
- Nilton
- O Globo
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- PMDB de Doutor Pedrinho
- Portal do Gestor Público Estadual
- Portal do Servidor
- Professor Josimar
- Proinfo Blumenau
- Revista FACED UFBA
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- Rodeio Virtual
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- Senado Federal
- Slideshare
- Tiago Krieser
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- UFSC
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