Assim o teórico John Naisbitt afirma que “Vivemos na era do parênteses, uma época entre duas eras. É como se nós tivéssemos metido entre parênteses o presente, separando-o do passado e do futuro, porque não estamos nem aqui em lá”. Equivicadamente pouco aproveitamos do que já vivemos, ignoramos o que não deu certo e superestimamos os acertos. Em relação ao futuro, simplesmente o dispensamos. Prova disto é tratamento que oferecemos ao meio ambiente. A traumática experiência de não poder mais respirar ou tomar um copo d’água poderá ser a única forma de romper o parênteses em que nos encontramos. Mas como evitar passar por este trauma que pode inclusive, ser irreversível?
Parece ser hora de rompermos o parênteses em direção ao passado. Conhecer a história do que somos e fazemos pode ser um meio de (re)construir o presente e planejar o futuro de forma humana e responsável. Não se trata de agir de forma saudosista, mas de valorizar o que contribuiu para o que somos. Em relação ao futuro, não se trata de um projeto minucioso e metódico, mas de uma preparação para a flexibilização e a inovação. Trata-se de imprimir coragem e ousadia e ao mesmo tempo reconhecer de que é preciso sensibilidade para perceber que o mundo não existe por que nós existimos, mas contrário, nós existimos por que o mundo existe. Este é outro parênteses importante a ser rompido. Falamos do contexto de nosso planeta como se estivéssemos fora, ou se estivéssemos dentro dele sem, no entanto assumi-lo.
Lançamo-nos em tempo de rupturas o que requer conhecimento, afinal o empirismo não permite compreender a força e a profundidade que os parênteses exercem sobre cada ser humano. Além de conhecimento é preciso também de pessoas tomadas por valores humanos que permitam ao conhecimento, gerar comprometimento. Ninguém se compromete com o que o desafia se não o conhece.
Hoje sabemos que se caminharmos no ritmo alucinante atual, o futuro se encurtará cada vez mais, e então se rompermos o parênteses que também nos espremerá cada vez mais, cairemos num grande abismo. Num abismo sem ar, se água e sem vida. Mas há fatos que ultrapassam os limites dos parênteses e acendem esperanças como, por exemplo, a produção de energia alternativa através de fontes renováveis. Esta simples mudança pode representar a diferença entre ter ou não perspectivas de futuro. Mas a mudança não é tão simples quanto parece. Envolve interesses econômicos e históricos importantes que inflamam discursos e nos remetem a reflexões acerca das novidades que surgem.
Novamente entram em cena o conhecimento e os valores, que necessitam oferecer instrumentos e argumentos em favor de uma discussão significativa e comprometida. Assim, ao que parece a solução está na capacidade que a humanidade tem de exercer sua mais simples e complexa função: ser humana. O ritmo alucinante das máquinas e do mercado arquitetados pelo próprio homem, o fizeram incapaz de se reconhecer responsável por seus próprios atos o distanciou de sua história, limitando-se ao imediatismo do presente.
Libertar-nos dos grilhões presente e dos parênteses é pois um exercício diário de cidadania e liberdade, sem o que seremos meros espectadores de um espetáculo trágico, desumano, cruel e morta. Renunciar a condição de agente construtor da história, redundo nossa existência a apenas um pequeno parênteses da história é uma indignidade cometida contra nós, contra os que estiveram aqui antes de nós e contra os que ainda não nasceram.
Um comentário:
Oi Nilton!
Ao ler o seu texto, voltou uma reflexão que fiz ontem ao observar várias construções belíssimas derrubadas como num passe de mágica para dar lugar a mais um arranha-céu em B Camboriú.Mais uma vez o poder econômico dando as regras, independente de cultura, tradição, história.
Abraços
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