Entre a consciência e a sensibilidade
Prof. Nilton Bruno Tomelin
nilton@unifebe.edu.br
Fatos nos chamam a atenção pela sua gravidade e profunda agressão a valores. Uma criança supostamente morta por membros de sua família levou indignação a toda uma nação. Comoção e indignação são sentimentos que permeiam algumas atitudes tomadas por toda uma nação frente a um fato gravíssimo. Há quem se utilize do fato para galgar momentos de fama, é verdade. Mas uma maioria absoluta de pessoas tomaram consciência da morte da pequena Isabella e assumiram sua condição cidadã, clamando por justiça.
Isto é altamente positivo e pode ser um passo fundamental na direção da formação de uma nação consciente de suas demandas. Mas, pelo que a história tem demonstrado, em pouco tempo, será apenas um fato como tantos outros. Pior do que isso, milhares de outras crianças foram, são e serão agredidas e mortas sem que a mesma indignação tome a nação. Será que as pessoas então acabam se conformando com a violência e a tomam como fator inerente ao homem? Certamente não.
O que acontece então? Parece que conscientizar não é suficiente e muito pouco eficiente. Há que se lutar pela sensibilização em torno da condição histórica que vivemos. Um sujeito consciente sabe do problema, no caso a violência, reconhece suas causas e efeitos, mas não percebe a dimensão da agressão. Estar consciente é, portanto, tomar ciência do fato como um todo.
Ser sensível é perceber o valor agredido, no caso a vida. É perceber que a perda da vida de uma criança é tão dramática quanto perder a vida de um pai de família, de um idoso ou de qualquer ser humano ou ser vivo. É uma concepção ética dos fatos. Ser sensível não é buscar instintivamente algum culpado, mas compreender que há um compromisso coletivo a abraçar: não permitir que nunca mais se repita qualquer coisa que cause indignação e comoção.
Aguçar a sensibilidade de um ser humano é um exercício permanente que famílias, escola, igreja e sociedade, devem praticar com seus filhos, alunos, fiéis e cidadãos para que percebam a verdadeira dimensão do que não é bom, humano, solidário e ético. Este vácuo tem-nos feito esquecer de forma constante o mal que nos rodeia, sem, no entanto, buscar de forma racional, soluções definitivas para o problema. Tanto é necessário, que ao longo do tempo em que nos prendemos diante do caso Isabella, centenas de outras Isabellas foram tão covardemente agredidos e pouco sabemos e em quase nada reagimos.
Enquanto a consciência nos impulsiona à punição imediata dos responsáveis pela agressão contra Isabella, não nos permite compreender que a vida em nossa nação está perdendo e deixando de ter seu valor. Não podemos ser ávidos por mártires, mas por uma nação que reconheça o direito inalienável a vida, a todos os cidadãos; uma nação que não espere encher suas prisões de degredados e seus cemitérios de vítimas de sua própria história.
A emoção, a revolta e a indignação são fundamentais para que as famílias, as escolas, as igrejas e a sociedade se sensibilizem, mas não é o suficiente. A razão também deve dar sua contribuição, incitando a criação de leis que apostem nos jovens, oferecendo-lhe condições dignas de formação, aos adultos condições de trabalho e aos transgressores punição rigorosa. Por enquanto tomamos ciência diariamente de novos mártires produzidos por uma impiedosa realidade sem compreender que é possível construir uma sociedade em que as crianças sejam anjos cheios de esperança, sensibilidade e principalmente de vida.
Texto Publicado no Jornal do Médio Vale em 13.05.08
A consciência do mundo, que viabiliza a consciência de mim, inviabiliza a imutabilidade do mundo. "Paulo Freire"
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É com prazer que te recebo neste espaço! Esta "casa" virtual está em permanente construção e em cada "cômodo" há uma inquietante necessidade de fazer diferente! Meus textos, relatos e imagens buscam apresentar a você os passos que constituem minha caminhada pessoal, profissional e acadêmica. A partilha que faço não intui caracterizar-se por uma postura doutrinária, autoritária ou impositiva-opressora, mas ao contrário, apresenta-se como ato solidário (jamais solitário) de contribuição à discussões humanas, planetárias e éticas!
Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!
Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!
Fraterno abraço!
Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!
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quarta-feira, 11 de junho de 2008
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Quem sou eu
- Nilton Bruno Tomelin
- Benedito Novo, Santa Catarina, Brazil
- Sou Mestre em educação, graduado em Biologia e Matemática, professor da rede estadual de Santa Catarina, com experiência em educação a distância, ensino superior e pós-gradução. Sou autor e tutor de cursos na área da educação no Instituto Veritas (Ascurra) e na Atena Cursos (Timbó). Também tenho escrito constantemente para a Coluna "Artigo do Leitor" do "Jornal do Médio Vale" e para a revista eletrônica "Gestão Universitária". Fui diretor da EEB Frei Lucínio Korte (2003-2004) e secretário municipal da Educação e Promoção Social de Doutor Pedrinho (2005). Já atuei na rede municipal de ensino de Timbó. Em 2004 coordenei a campanha que conduziu à eleição do Prefeito Ercides Giacomozzi (PMDB) à prefeitura de Doutor Pedrinho. Em 2011 assumi pela segunda vez, a direção da EEB Frei Lucínio Korte.
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