Uma longa espera
No último dia 13 celebraram-se 120 anos da assinatura da lei Áurea que deu liberdade a todos os negros cativos no Brasil. Feito histórico e difundido como um ato de heroísmo e humanidade por parte da elite dominante, pouco foi compreendido por muito tempo. Afinal o que teria estimulado a tal elite oferecer liberdade a quem lhe sustentou com seu trabalho? Teria havido um súbito desejo de tratar com igualdade todo o ser humano independente de sua condição, raça, credo? Os fatos provam que não. Senão vejamos.
Quando os negros cativos foram declarados libertos, não houve qualquer determinação no sentido de lhe oferecer condições mínimas de sobrevivência no gozo de sua liberdade. Foram libertados (expulsos) das fazendas em que se encontravam e lançados a própria sorte, substituídos por imigrantes que se dispunham a trabalhar por custos ínfimos, através acordos entre eles e os proprietários de terras. Aos negros libertos, restou então a liberdade!
Sem recursos, terras e formação para o trabalho não puderam se estabelecer, sendo induzidos a migrar para as periferias das cidades, iniciando o processo de favelização. Isolada num mundo oculto aos olhos da sociedade aristocrata, uma outra nação surgiu! Uma nação em que as migalhas são saboreadas como um grande banquete, onde se morre de verme, bala perdida e dengue. O 13 de maio ainda não chegou para eles. A liberdade não foi saboreada em sua plenitude e o direito de ser gente parece não lhe pertencer, ou pelo menos lhe é negado de forma sutil, hipócrita e covarde.
A covardia se expressa no instante em que se sustenta a idéia de que a cor da pele faz dos seres humanos diferentes entre si. O pré-conceito de raça agrega uma série concepções insanas, que fazem da espécie humana um mosaico de seres, classificados segundo sua cor em mais ou menos trabalhadores, em mais ou menos honestos, em mais ou menos capacitados. Várias ações tem reduzido esta concepção, especialmente no que diz respeito a legislação. Praticar essa classificação pré-conceituosa é reconhecido como um crime. O Estatuto da Igualdade Racial proposto pelo Senador Paulo Paim (PT – RS) tem por finalidade sepultar definitivamente qualquer tentativa de diferenciar indivíduos pela sua cor de pele ou descendência.
Há, pois uma dívida histórica a ser quitada com o que se costuma chamar de minorias, que correspondem a cerca da metade da população brasileira (afro-descendentes). Algumas ações afirmativas, como a política de cotas para negros ingressarem em algumas universidades com médias inferiores a de estudantes brancas, tem sido amplamente difundidas. Certamente é uma atitude sensata e demonstra um espírito de reflexão e ação em relação ao fato. Mas não pode ser considerada como sendo a solução para o problema. Ao contrário, se for mantida esta conduta por muito tempo, pode-se estar afirmando que pelo fato de pertencer a determinada raça, o sujeito será incapaz de alcançar habilidades que outro individuo de raça diferente possui.
Se tomadas como atitudes emergenciais, as ações afirmativas, engendram um profundo debate em favor do estabelecimento de melhorias nos serviços públicos que oportunizem igualdade de oportunidade a todos independente de sua cor de pele. No que diz respeito ao exemplo citado, oferecer melhores escolas a população de baixa renda, independente de sua cor de pele, pode representar um resgate e uma compensação em relação à barbárie histórica imposta à milhares de brasileiros.
O grito de alforria está por ser dado, não apenas por afro-descendentes, mas por uma grande maioria de seres humanos (brasileiros) que gozam de uma vã liberdade. Uma liberdade que não representa o direito de ser e existir da forma plena e verdadeira. Esta liberdade não depende apenas de leis, mas de uma nação tolerante, solidária e justa. Uma nação que respeite o diferente e não o faça ser igual, e que reconheça a todos como iguais em direitos e deveres. Uma nação em que os seres humanos sejam seres humanos, cada qual com suas identidade. Uma nação amorosa, acolhedora e apaixonada por seu povo. Uma nação que não admita que nenhum dos seus vá dormir com fome ou que não possa dormir por não ter um teto.
Texto Publicado no Jornal do Médio Vale em 30.05.08
A consciência do mundo, que viabiliza a consciência de mim, inviabiliza a imutabilidade do mundo. "Paulo Freire"
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É com prazer que te recebo neste espaço! Esta "casa" virtual está em permanente construção e em cada "cômodo" há uma inquietante necessidade de fazer diferente! Meus textos, relatos e imagens buscam apresentar a você os passos que constituem minha caminhada pessoal, profissional e acadêmica. A partilha que faço não intui caracterizar-se por uma postura doutrinária, autoritária ou impositiva-opressora, mas ao contrário, apresenta-se como ato solidário (jamais solitário) de contribuição à discussões humanas, planetárias e éticas!
Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!
Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!
Fraterno abraço!
Como educador me vejo no compromisso de participar do processo histórico de libertação dos oprimidos, marginalizados e esquecidos, a começar por mim. Despindo-me de qualquer resquício de arrogância, prepotência e soberba apresento-me como aprendente num contexto de intensa renovação de conceitos e atitudes!
Assim convido-o a juntos pensarmos em nossa condição de partícipes da grande Salvação! Salvação plena do homem e da mulher místicos, políticos e planetários!
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quarta-feira, 11 de junho de 2008
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Quem sou eu
- Nilton Bruno Tomelin
- Benedito Novo, Santa Catarina, Brazil
- Sou Mestre em educação, graduado em Biologia e Matemática, professor da rede estadual de Santa Catarina, com experiência em educação a distância, ensino superior e pós-gradução. Sou autor e tutor de cursos na área da educação no Instituto Veritas (Ascurra) e na Atena Cursos (Timbó). Também tenho escrito constantemente para a Coluna "Artigo do Leitor" do "Jornal do Médio Vale" e para a revista eletrônica "Gestão Universitária". Fui diretor da EEB Frei Lucínio Korte (2003-2004) e secretário municipal da Educação e Promoção Social de Doutor Pedrinho (2005). Já atuei na rede municipal de ensino de Timbó. Em 2004 coordenei a campanha que conduziu à eleição do Prefeito Ercides Giacomozzi (PMDB) à prefeitura de Doutor Pedrinho. Em 2011 assumi pela segunda vez, a direção da EEB Frei Lucínio Korte.
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